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6 de dez. de 2011

Brincadeiras e saudosismo: industria do afeto?



Olá querida Mamãe!

Hoje vou ser bem genérica
.
Ando assistindo muito à TV com meu rebento e estou ficando muito, muito assustada com o que ando vendo.

Lembrei da minha época de infância inserida em uma família tradicional: papai, mamãe, filha mais velha (eu) e filho caçula. 

Tudo redondinho como manda o figurino.

Época de Natal – é. Ele está chegando – era confraternização. 

Íamos todos para a casa de uma tia, toda a família, e lá eram distribuídos os presentes que o Papai Noel deixava embaixo da árvore.

Lógico que a gente – a molecada – acreditava que o Papai Noel era quem deixava os brinquedos lá.

E brinquedo que era brincadeira!

Simplesmente um brinquedo para que a criança pudesse brincar. Imaginar, exercitar a criatividade. Essas coisas bem típicas de criança, sabe.

Hoje o brinquedo deixou de ser brincadeira e virou:

“estimula a área afetiva”

“estimula o raciocínio lógico”

“estimula a coordenação motora e psicológica”

Peraí!

Meu rebento precisa mesmo de um brinquedo que estimule raciocínio, afetividade, coordenação?

Na minha época estimulava a coordenação pulando corda, desenhando com lápis de cor e giz de cera.

Meu raciocínio era montar quebra cabeças, inventar jogos, procurar o melhor lugar para se esconder – isso é estratégia!, descobrir a melhor maneira de não mentir, mas também omitir a verdade, quando aprontava muito.

Minha afetividade era construída com minha cadelinha que mais vivia na rua do que em casa, com meus tantos patinhos amarelos, com meu porquinho da índia. E com os primos e primas, tios e tias, amigos da escola.

Hoje, além da comida industrializada, da cultura industrializada, do lazer que também virou indústria (o passeio só é legal se for no parque X ou Y), a educação e a construção do sentido de carinho está sendo industrializado também.

Tudo bem quererem me vender essa idéia.

Eu sou grande e tenho o mínimo de senso para saber o que é bom ou não.

Mas vejo meu rebento na frente da TV, mais empolgado com os comerciais do que com os desenhos, e me sinto preocupada, pois ele não sabe o que é bom ou não.

Nada contra, se você quiser comprar o cachorro que pede beijo, que bom pra você. Mas parece-me que, de repente, eu dando um cachorro que pede beijo me desobriga a incentivar em meu filho o sentimento de respeito e empatia por outro ser humano.

Se pudesse escolher o presente ideal para meu pimpolho hoje seria uma tarde junto aos amiguinhos, um bom banho no inicio da noite, uma comidinha bem gostosa e uma cama cheirosa para ele dormir.

Compartilhando a vida, aprendendo, se divertindo!

Mas hoje a tendência é cada um na sua, então, provavelmente, ele não terá essa tarde, restando-me escolher um dentro as centenas de super brinquedos que a TV vende, esperando que meu filho não entre nessa de que é melhor ter do que ser.

Apesar de que, outro dia, encontrei um brinquedinho de madeira feito artesanalmente que, esse sim, estimula o raciocínio lógico e a coordenação motora. Além da paciência. Haja paciência para montar aquilo!

Lipe levou para a escola no dia de brinquedo e fez o maior sucesso! 

Olha a fotinho do brinquedo:
 

Não passa na TV, não é objeto de desejo, mas é brinquedo para brincar, como na minha época.

Ih, acho que estou saudosista.

Bem, deve ser a época do ano.

Enfim, boas escolhas para todas nós, não só nos presentes de Natal, mas no dia-a-dia.

3 de nov. de 2011

Cadê meu pai?



Olá Querida Mãe Solteira,

Tudo bem com você?

Comigo? Caminhando, andando, seguindo canções infantis...

Hoje vou falar brevemente sobre um tema que, acredito, aflige muitas de nós:

“A ausência do pai. O que fazer com ela?”

Pois bem, o que fazer?

Alguma sugestão?

Se tiver, pode comentar aqui, enviar um e-mail ou ir ao fórum do S.O.S. para dar idéias.

Minha sugestão?

Bom, teríamos que analisar cada situação particularmente, pois cada relação é única e cada relação com essa ausência também é.

Ela sempre existirá ou é algo transitório?

Por exemplo, esse pai pode algum dia aparecer na vida de seu rebento/rebenta?

Caso haja essa possibilidade acredito que seja muito pertinente você, como mãe que ama seu filho/filha, começar desde já a criar essa imagem de pai, para evitar que, de repente, ele apareça “do nada” e seu filho/filha mostre-se absurdamente surpreso com a presença.

Nós, adultas, não gostamos de nos preparar para questões importantes de nossas vidas? Não queremos ter tempo para nos preparar para diversas situações? Coloque-se no lugar de seu pimpolho (a) e haja com sabedoria.

E se a ausência não tiver data pra acabar? 

Bem, supondo que exista uma figura masculina – avô, tio, padrinho – que está fazendo às vezes de figura paterna na qual seu menino poderá se espelhar e sua menina poderá se enamorar, o melhor é sempre contar com a verdade.

Meu rebento disse-me outro dia que papai do céu colocou uma “semente na minha cabeça” e foi parar na minha barriga e cresceu, cresceu e ele nasceu.

Foi lindo, original e eu fiquei pasma com as coisas que se passam na cabecinha de uma criança. Adorei a estória e reproduzi para quem quisesse - e não quisesse - ouvir.

Ok. Mas é a verdade?

Aos poucos fui introduzindo uma figura que, tenho quase certeza, sempre será marcada pela ausência: pai.

Disse que antes dele nascer eu “namorei” um rapaz e que então a sementinha foi parar na minha barriga. Que esse rapaz era o pai dele e que se um dia ele quiser conhecer, a mamãe vai dar um jeito.

Precisa mais que isso?

Depende da idade de seu pimpolho (a).

Pode ser que uma história muito simplista não seja suficiente e você tenha que contar mais detalhes, mas isso não é o fim do mundo. Acredite!

Lipe, ao contrário do que eu esperava – “Quero conhecer ele agora! Já! Vamos mamãe!” – não tocou mais no assunto, não indagou, não questionou.

Agora espero o tempo dele.

Sei que fiz o certo plantando a “sementinha na cabeça dele”, pois, caso um dia essa ausência cesse, não será extraordinário, fantástico ou sobrenatural essa “aparição”.

Será algo provável, algo que pode ser até natural.

Então, respondendo a questão:

- Use seu instinto materno e sua sabedoria respeitando os limites de seu filho/filha, mas (como ouvi outro dia) é melhor uma verdade feia do que uma mentira bonita.


Boas reflexões!

11 de out. de 2011

O que fazer com o produtor do espermatozóide - eis a questão!



Olá querida mãe solteira!

Chegou? Voltou? Bem vinda!

Hoje o assunto será o seguinte: homens.

Não os nossos futuros homenzinhos, filhos lindos que, queira Deus, saberemos educar de forma a respeitar o próximo (ou próxima) e assumir responsabilidades na vida. 

Homens de modo geral, tipo esse aí que foi prestimoso e carinhoso com você, que fez juras de amor eterno e acabou te deixando com um ovulozinho fecundado no útero.

No meu caso não houve juras de amor, sabe. Eu estava afim, ele também... Só não contava com a fecundação, mas enfim, não fosse ela não estaríamos aqui, não é mesmo?

Dizem que homens demoram mais que mulher para amadurecer, que homens são isso, são aquilo, que são tudo o que você tiver em mente agora para usar contra o Fulano que te engravidou e deu um pé na sua linda bundinha depois.

Não me interessa muito – e não deveria interessar a você também – o que dizem sobre eles.

O que deveria interessar é o seguinte:

Vale à pena?

Você está aí agora, grávida ou com um filho/filha nos braços, tendo que “se virar nos 30” para dar conta de tudo e então pára e começa a ocupar sua linda cabecinha com o Fulano. Tudo o que ele fez e tudo o que ele falou, o quanto te magoou, o quanto você o odeia e se não fosse ilegal você até pegaria uma espingarda e daria um tiro no meio da fuça do infeliz.

Vale à pena?

Outro dia eu caí em tentação...

Lipe é meu e registrado apenas em meu nome. Aí a tentação de poupá-lo de futuros pré-conceitos me tomou e me arrebatou e me possuiu por inteira e eu estava quase indo parar lá no portão do Fórum para requerer paternidade, alimentação e tudo o mais que meu rebento tem direito.

Porque direito garantido por Lei nossos filhos tem, queira o Fulano ou não. E se quisermos, podemos requerer cada um deles!

No meu caso, quando caí em tentação, pensei o seguinte: hoje estou podendo suprir o básico na vidinha do Lipe e estou trabalhando no sentido de poder dar mais que isso num futuro próximo (faculdade tá terminando!). E quando eu não puder dar nem isso?

Decisão: vou requerer paternidade e pensão e que se lasque o Fulano, porque meu filho tem esse direito e ponto final!

Linda decisão, concordo.

Estava mesmo acreditando ser a mais sábia de toda a minha vida.

Parabenizei a mim mesma: Você teve uma epifânia!!!
Epifânia: 4. Fig. Percepção intuitiva da essência, do significado de algo ou da realidade, por meio de algo corriqueiro, inesperado;

Meu filho teria o nome de um pai no registro de nascimento e uns parcos reais em uma conta poupança para garantir a época das vacas magras, caso ela resolvesse dar as caras por aqui.

Mas e???

Mais nada!

Seria um nome num registro. Ponto. Uma merreca numa poupança – porque quando fiz o Lipe não liguei muito para o fato do produtor do espermatozóide ter ou não posses (hormônios, sabe como é) – e ponto.

Então a certeza começou a capengar e parei de novo para pensar.

O Fulano merece ter o nome no registro do meu filho?

Uma criança linda, saudável, inteligente, amorosa, carinhosa, teimosa, birrenta, gentil (quando convém...rs), educada, com um futuro brilhante esperando por ele, com sonhos que serão construídos e, queira Deus – e o esforço dele – serão concretizados, criativa, alegre, e mais uma porção de qualidades que não caberiam aqui (não sou mãe coruja, só sou realista).

E esse presente na minha vida que está aqui sossegadinho, de repente, terá o nome de um Fulano na certidão só porque eu, egoísta, quero privar a nós de pré-conceitos futuros.

A razão não fez muito sentido depois disso, sabe.

E o que quero dizer para você é o seguinte:

Vale à pena?

Se você acreditar que sim, vá em frente! Vou dar o maior apoio.

Caso contrário, nem ocupe mais sua linda cabecinha com o Sr. Fulano.

Afinal, você tem coisas muito mais urgentes e importantes para se ocupar agora: a maternidade!


Beijos a todas e boas reflexões!


22 de set. de 2011

Inspire-se !


Hoje vamos ampliar um pouco nosso horizonte!

Se você, querida mãe solteira, deu um “Google básico” buscando ajuda para sua nova situação, espero que inspire-se com a história da Lisiane.

Ela contou para nós e estamos compartilhando com todas vocês!

Se quiser entrar em contato com a Li, pode fazer pelo e-mail (autorizada a publicação) e dar os parabéns pela força e coragem!

Espero que gostem da história e sintam-se inspiradas em suas próprias!



A maternidade é um marco importantíssimo, seja desejada ou não.
Cada mulher e cada família tem sua própria maneira de vivenciar a chegada de um bebê.
Para mim, a maternidade chegou quando não planejada, nem ao menos era desejada. Eu havia desistido de ser mãe. 
Tive uma vida muito difícil, negligenciada por meu pai e superprotegida por minha mãe.
Quando fui abusada aos 5 anos, nada foi feito ou dito.
Aos 12 anos, ouvi meu pai me chamar de "Chicholina" (soube quem era e o que fazia anos mais tarde).
Eu cresci acreditando que eu era responsável pelo abuso.
Cresci com transtorno de ansiedade, pânico, depressão.
Comecei a me recuperar e a sentir que merecia viver quando sai de casa. Fui morar sozinha, trabalhar, estudar e muita terapia. Queria saber se valia a pena viver. 
Aos 26 comecei a achar que valia a pena e que o suicídio não era mais uma necessidade.
Foi então que decidi não ter filhos.
Que história vou passar para meus filhos? O que vou contar da minha vida? Como vou amá-los?
Diante da minha história, achei injusto ser mãe, pois a maternidade é algo sagrado para mim.
Educar um filho é de tamanha responsabilidade e eu temia cometer os erros graves dos meus pais.
Não queria ter filhos enquanto me sentisse desprovida de amor. 
Foi então que conheci o pai da minha filha.
Namorávamos a 1 mês, quando engravidei.
Sua primeira reação foi de muita alegria e companheirismo.
Ele começou a falar planos para morarmos juntos, e eu não estava certa de que queria isso.
Estava tudo confuso demais para mim.
Decidi terminar o namoro e paguei muito caro por isso.
Ele mudou de comportamento.
Ligava no meio da noite, me ameaçando, dizendo que eu seria uma péssima mãe e que não tinha ligação alguma com o bebê.
A única coisa que eu conseguia dizer era que ele ainda era o pai e que jamais me colocaria entre a relação dos dois.
Bem, ao longo do 2º mês de gestação, ele disse que só aceitaria o bebê se fosse casado comigo.
Então, dei uma chance e muito me arrependi.
Combinávamos as coisas e ele fazia outra.
Mas o pior estava por vir.
Num sábado a noite, quando ele voltou do trabalho, percebi que havia algo errado.
Bem, fui violentada por ele naquela noite e quase a perdi.
Entrei em depressão e comecei a desejar que o bebê não nascesse.
Um mês depois ele ainda me ligava.
Não comia mais nem saia mais casa.
Sozinha.
Entrei em pânico com tudo.
Tinha medo do que ele pudesse fazer com nós.
Foi então que rezei e pedi para Deus uma solução que protegesse a mim e ao meu bebê.
Bem, ele ligou uma noite perguntando se ele era realmente o pai. Primeiro entrei em pânico, mas logo percebi que aquela era a oportunidade que eu esperava:
 "Você não é o pai"!
E assim, pude renascer.
Era somente eu e meu bebê.
Agora, eu tinha que cuidar da gestação. Precisava me preparar psicologica, física e financeiramente.
O ruim, era que eu estava desempregada e ainda na faculdade.
Graças a minha mãe (meu pai pouco ajudou), minha filha nasceu e não lhe falta nada.
 Muito me questionei sobre como poderia criá-la e educá-la.
Mas quando a senti dentro de mim, quando a peguei no colo, meu coração derreteu.
Comecei um curso profissionalizante. Tenho planos e projetos para o futuro. 
Aquilo que eu buscava quando sai de casa, encontrei.
Hoje, me sinto privilegiada por ser mãe de uma menina encantadora, risonha e muito esperta.
Ela não é minha "muleta", mas ela faz minha vida ter sentido. Minha filha é meu tesouro.
A maternidade chegou quando eu não queria.
Mas tem sido a experiência mais significativa no turbilhão da minha história.
Para minha vida, um jardim floresceu.


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