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4 de mai. de 2011

Primeira festa frustrada do dia das mães


Vida de mãe solteira não é fácil, você sabe.

Não temos com quem dividir as obrigações relativas aos filhos e acabamos atoladas de tarefas.

Quem tem um parente bondoso que ajuda a cuidar das crianças tem que se sentir privilegiada (confesso, sou uma dessas).

Mas mesmo com ajuda chega uma hora que dá a vontade de jogar a toalha.

Eu ia dizer que dá vontade de jogar a mamadeira, entretanto nunca abriria mão da maternidade.

Uma das propostas do site é relatar as intempéries da vida de uma mulher que é mãe sem apoio de um macho da espécie, então hoje vou abrir meu coraçãozinho.

A semana começou tumultuada. O ciclo do sono de Lipe totalmente desorganizado e o meu acabou indo junto ao dele. Ainda não consegui regular isso. Quem sabe no final de semana...

Hoje, na escola, estava programada uma festa surpresa para o dia das mães.

Festinha marcada para as quinze horas na escolinha imponente e minha excitação e expectativa a milhares de pés de altura, você deve imaginar.

Troquei de horário no trabalho e quando deu minha hora saí correndo, morrendo de medo de não chegar a tempo.

Seria a primeira comemoração que ele faria em grupo para este dia tão, tão, tão especial!

Aliás, seria a primeira, efetivamente. 

No caminho resolvi ligar para casa, só para ter certeza de que meu pimpolho esperava-me ansiosamente na escola.

- Como assim ele não foi?

Pois é, ele não foi. Não quis ir à escola e não teve cristo que o fizesse mudar de idéia – essas crianças estão nascendo cada vez mais evoluídas. Onde já se viu ter “vontades” nessa idade?!

Fui murcha para casa, mas com o coraçãozinho cheio de esperanças e disposta a carregar Felipe à força para a escola e para a MINHA comemoração.

- Eu não quero ir para a escolinha.

- Mas filho, você ensaiou meu presente e não vai lá pra me dar?

- Eu não quero dar presente pra você, mamãe.

Fazer o que?

Senta e chora, minha filha – quer dizer, mãe.

E aqui entra uma parte bem difícil nessa árdua tarefa que é criar um ser humano digno: respeito.

Claro que fiquei decepcionada e se ele fosse maior eu tentaria argumentar mais, chantagear, comprar, ou qualquer outra abordagem baixa que me garantisse ver e ouvir a apresentação ensaiada exaustivamente.

Entretanto, não quero que ele seja digno e que saiba respeitar os outros?

Como poderei, no futuro, pedir respeito da parte dele se meu exemplo não condiz com minha fala?

Pois é, querida amiga...

Primeira escolinha, primeira comemoração do dia das mães e talvez me sobre o presentinho que ele fez – sei por ele que é um “pano com minhas mãozinhas pintadas”. Será que a professora terá a delicadeza de me enviar amanhã?

A música ensaiada eu ouvi metade. Logo ele cansou e disse que estava bom.
Como mãe solteira neurótica que sou, pensei:

- Hum, hoje seria bom um macho homo sapiens. Ele compraria o presente e Lipe me entregaria no próximo domingo.

Porém sei que meu melhor presente está aqui ao meu lado, aprendendo o que é respeito pelo próximo, pelo exemplo.

No fim das contas a maternidade nos torna mesmo pessoas melhores!!!



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