Olá queridas mães solteiras
que sempre nos prestigiam e eventuais turistas.
Sejam todos bem vindos!
O site, quando de sua
criação, tinha a intenção de abordar de forma bem humorada o universo de uma
mãe solteira.
Sendo de livre acesso,
acabou ganhando outros contornos.
Muitas mães chegam até aqui
pedindo ajuda, orientação ou apenas em busca de apoio, pois quando encontramos
alguém que se assemelha a nós, nos sentimos mais pertencentes ao mundo, de
forma geral.
Eu sou mãe solteira há seis
anos e já passei por algumas situações que dariam um bom livro!
Caras que chegam acreditando
na “comida fácil” e que chamam para o Motel logo no terceiro encontro. Caras
que se “infiltram” na vida do filho (a), projetando um futuro em conjunto, mas
que depois da segunda página chegam ao final da estória, chamando para uma
rapidinha. Caras que acreditam piamente que somos mulheres desesperadas e sem
um pingo de auto estima e que ficam super indignados quando ouvem um não. Raro
é encontrar um cara que queira ficar com você, apesar de ser mãe solteira. Alias,
ficar qualquer um vai querer, porque vai te achar comida fácil. Mas se
relacionar? É outra história.
Mas dá para entender porque
esse tipo de pensamento povoa o imaginário coletivo, sabe.
No começo da minha gestação
eu pensava, egoisticamente, que minha vida afetiva com machos da espécie estava
fadada ao fim. Quando meu rebento nasceu, a tendência parecia demonstrar que
meu destino estava selado: ser transa eventual de algum cara que não se
importasse com o fato de eu ser mãe. Quando algum cara da “comida fácil” ou “infiltrado”
aparecia, eu logo acreditava que seria o cara que queria ficar comigo, apesar
de ser mãe.
Dei sorte (e você achou que
eu ia escrever que dei outra coisa, né?!) e acabei conhecendo as intenções dos
caras antes de virar refeição. Só que tem uma hora que isso cansa. Esperar para
ver qual é a do rapaz não é a coisa mais romântica do mundo, concorda?
Então chega um dia no qual
ou você para de esperar ou para de procurar.
Mas voltando ao pensamento
egoísta!
Eu era egoísta, pois pensava
apenas em mim e nas minhas relações futuras que estavam fadadas a não existirem
mais. Não pensava na criança que crescia em meu útero e que não tinha culpa
nenhuma em estar ali.
Mas com o tempo, e com os
erros, aprendemos muitas coisas, ou uma ou duas, o que já ta de bom tamanho!
Aprendi que antes de mim,
antes do produtor do espermatozóide, antes dos caras que farão ou não parte da
minha vida, existe uma vida.
E essa vida, esse pequeno
embrião que será um ser humano lindo e que, caso tudo dê muito certo, será um
adulto honesto e saberá respeitar o próximo, tem direitos garantidos antes
mesmo de nascer.
Existe um Estatuto que rege
Leis que asseguram o direito de crianças e adolescentes: ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
Este estatuto dispõe sobre
proteção integral à criança e o adolescente e faz saber que é dever da família,
da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com total
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Assegura ainda que é direito
da criança ser criada no seio de sua família e que não há distinção entre
filhos havidos fora, ou não, do casamento.
Os filhos havidos fora do
casamento poderão ser reconhecidos pelos pais conjunta ou separadamente e o
reconhecimento do estado de filiação é DIREITO personalíssimo, indisponível e
imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem
qualquer restrição.
É direito da mãe solteira
ter pensão alimentícia para grávida, ou alimentos gravídicos. A Lei n° 11.804,
de 05/11/2008 dispõe que a grávida poderá entrar com ação contra o suposto pai
para receber ajuda de custo no período da gravidez e que, quando a criança
nascer viva (claro, óbvio) este benefício será revertido para a mesma.
Como também é direito da criança
receber alimentos dos avos, quando a mãe (neste caso nem vamos falar do pai, ok)
não tem como garantir o necessário para o seu desenvolvimento. Claro que você
não vai entrar com uma ação contra seus pais se eles têm menos do que você;
entretanto a lei garante à criança o acesso ao básico: alimentos, medicamentos,
vestuário.
Você pode entrar com ação de
pedido de alimentos (pensão alimentícia) contra o suposto pai, seus pais, os
pais dele...
Ou pode optar por correr
atrás e dar conta do recado sozinha.
Então, com tantos direitos
garantidos sobre custos de criação, educação, saúde, por que as pessoas se
preocupam mais com as relações econômicas do que com as afetivas?
Digo isso, pois um dos
tantos anônimos que comentam em nosso site publicou uma reportagem na qual um
padrasto foi obrigado a pagar alimentos para a enteada que desde cedo viveu sob
a sua responsabilidade.
Eu fui na página da matéria
e li comentários que me deixaram emputecida!
“Se
antes mães solteiras já eram vistas com maus olhos, agora os homens devem fugir
delas, pois, caso contrário, poderão ser processados e ainda ter que pagar
pensão para o filho do outro.”
E depois dizem por aí que a
gente (mães solteiras) viaja na maionese! – ainda se usa esse termo?
Então tenho uma definição,
um conceito para encerrar o tópico de hoje:
(pre.con.cei.to)
sm.
1. Opinião ou ideia preconcebida
sobre algo ou alguém, sem conhecimento ou reflexão; PREJULGAMENTO:
"...existia algo no mundo que tornasse compulsório ou indispensável ter
uma vocação? Positivamente não, trata-se de um mero preconceito."
(João Ubaldo, Diário do farol.))
2. Atitude genérica de
discriminação ou rejeição de pessoas, grupos, ideias etc., em relação a sexo,
raça, nacionalidade, religião etc. (preconceito racial);
INTOLERÂNCIA
3. Ideia ou juízo fundado em
crendices e superstições; CISMA: Era um homem cheio de preconceitos irracionais.
[F.: pré - + conceito]
Somos comida fácil; somos complicadas para um relacionamento, pois temos “história e passado” e um filho que evidencia que existiu outro homem em nossa vida; nosso filho sempre terá 100% de nossa atenção; a qualquer momento podemos pedir pensão alimentícia para quem se envolver com a gente.
Não estou falando que todos
os homens do mundo devem desejar se relacionar com uma mãe solteira e que essa
é a melhor experiência do mundo. Cada caso é um caso. Só acho pobre, pequeno,
egoísta e preconceituoso quando um homem limita o tipo de relação que terá com
uma mulher que tem um filho havido fora do casamento por ter tido uma experiência ruim no passado e generaliza todas as mulheres em situação semelhante, ou por acreditar mesmo que somos monstros prontas para dragar suas almas e seus bolsos.
E chega por hoje!
Boas reflexões!