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15 de mai. de 2011

Amamentar é natural, mas nós não somos mais.


Olá queridas!

Ouvi por ai que aconteceria um “mamaço” em São Paulo e vocês devem ter lido como foi o encontro e o que o originou.

Eu também fiz isso: pesquisei pra ver o que era e pra onde iria.

Coloquei o Tico para funcionar e pensei no que poderia falar sobre o assunto. Somos solteiras, porém somos mães, não é?

Tive que voltar alguns anos no tempo – quando ainda amamentava o Lipe – e lembrar como era fazer isso em locais públicos.

Tive que me esforçar muito para recordar... a idade chega e a memória vai embora.

Então lembrei que quando eu estava grávida eu dizia que achava antinatural amamentar.

Não me critique! Lembra do Jesus e da pedra, ok?

Eu tinha meios seios como objetos de erotismo e pensava que, caso amamentasse, eles não seriam nunca mais os mesmo (isso foi confirmado).

- Não sou fast food de criança – dizia em alto e bom tom.

E cultivei esse pensamento durante os nove meses de gestação.

Eu ainda não era “mãe”.

Senti-me totalmente e irremediavelmente mãe quando olhei o rostinho do meu bebê pela primeira vez – você sabe sobre o que estou falando.

Então o ato de alimentar meu filho pareceu-me ser a única alternativa.

Não é que pensei “puxa, ele é lindo, é meu, vou amamentar”. Não teve pensamento. Foi “natural”.

Óbvio, pois sou mamífera.

Mas uma mamífera civilizada e que tem crescido inserida em uma sociedade que modifica a natureza – filosófico isso.

Voltando: não houve pensamentos. Apenas a aproximação natural de meu rebento de sua única e exclusiva fonte de alimentação até os cinco meses – que durou, entre papinhas e suquinhos, até os nove meses.

Então descobri outro mundo – gestar e ser mãe é sempre cercado por descobertas: o dos fraldários e poltronas de amamentação.

Não vou ser dona de verdades, pois não é meu propósito aqui.

Nosso intuito sempre foi criar um canal de comunicação para troca de experiências, então posso falar da minha.

Uma vez senti-me constrangida enquanto alimentava meu filho.

Estava em uma praça e ele devia ter uns cinco meses. Ele chorou de fome e eu naturalmente dei o peito.

Mas lembra que vivemos em uma sociedade que modifica o natural?

Um homem que estava próximo olhou esse ato com olhos nada ingênuos.

Eu encarei o senhor e perguntei se ele iria continuar olhando.

Ele fingiu constrangimento ou ficou de fato, não importa. O que importa é que a partir desse momento me dei conta de que o que era para mim um momento sublime – afinal era fonte de alimento! – e natural, para outras pessoas tinha outra conotação.

O senhor em questão nos olhava com cobiça e mais do que me constranger, isso me deixou revoltada.

- Como um homem pode sentir-se excitado vendo uma mulher alimentar um filho?

Pois é, não sei.

Mas tenho a certeza de que ele fica.

Então o que fazer?

Deixar de amamentar?

Nunca!

Mas em muitos lugares existem locais nos quais a amamentação pode ocorrer de forma tranqüila e reservada.

Se a fome do seu pimpolho apertou no meio da rua e você não tem pra onde correr, sempre tem o recurso da fralda ou de um paninho bordado e bonitinho para cobrir esse momento tão especial.

Porque vivemos na civilização moderna e porque o natural tem mudado de ordem, por que não preservar a nós e nossos filhos de pessoas que não sentem - como nós sentimos - que essa é a única alternativa?

Sou naturalista, mas vivendo na época que vivo, tenho que pensar no que é melhor para mim e para meu pequeno grande Lipe.

Beijos e boas reflexões!


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