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14 de jul. de 2011

24 SEM PENA DE NÓS MESMAS!


Olá queridas!

Há um tempo aconteceu um fato, no mínimo curioso, e que hoje vou compartilhar com vocês.

Estive em viagem ao interior do estado e por qualquer motivo acabei tendo contato com um senhor de 91 anos de idade.

Na realidade estava passando férias na casa de minha mãe – avó de Lipe – e o fogão estava com um terrível vazamento.

Imagine uma cidade do interior bem pequena...

Imagine uma cidade menor ainda...

Menor? Consegue? Era lá que estávamos.

Liga pra um, liga pra outro, acabamos com a indicação de um senhor que era o único em toda a região que sabia consertar fogão.

Chegou o senhorzinho de 91 anos para arrumar o vazamento e juro que nós não acreditávamos que aquilo iria dar certo. Até por uma questão motora: ele mal conseguia segurar a chave de fenda!

Na hora do almoço – feito no micro-ondas (bendita tecnologia!) – quando sentamos na mesa, o senhor que já havia demonstrado ser bom de papo sentiu-se ainda mais a vontade para contar sua “pouca” experiência de vida.

Ele contou que, lá pela oitava década de vida, havia virado avô e que essa sua filha era dos tempos modernos, pois era mãe solteira. Ele versou sobre a juventude transviada, que hoje isso é normal e mais um monte de justificativas por ter uma filha, mãe solteira.

Para um senhor de 91 anos de idade isso é até fofo. Imagina na época de juventude dele o peso que deveria ser essa condição?!

Pois bem, o preconceito dele encontrou fim no meio de suas justificativas e quando fomos levá-lo para casa ele fez questão de, com o dinheiro ganho no árduo dia de trabalho, comprar um saco grande de balas da “chita” para levar para a netinha.

Chegando a sua casa fomos apresentados a filha-mãe-solteira.

Povo do interior gosta de puxar conversa e ela não era diferente: contou da gravidez, do parto e de um episódio infeliz junto ao médico da cidade.

O habilidoso médico, em consulta pré-natal disse à mãe solteira que ela, passando mal durante a gestação, não ia conseguir o que planejava, que na cabeça de doutor dele era segurar o pai da criança.

Esse comentário inesperado fez com que essa jovem mulher pautasse sua vida e a da filha baseada no estigma de sua condição civil: mãe solteira.

Para contar da menina, entre dentes e quase como que pedindo desculpas, ela disse:

- Sabe como é, eu sou mãe solteira.

E eu vim embora pensando nela, em mim e em várias outras mulheres que sentem pena de si mesmas por terem construído uma família dentro de um molde diferente do “socialmente aceitável”, e que por sentir pena acabam sentindo-se vítimas e por sentirem-se vítimas acabam entulhando suas vidas de justificativas.

Sou mais:

- Quem tá pagando o leite da criança? Só quem tá pagando pode ter algo a dizer e mesmo assim vou pensar se levo, ou não, em consideração.

Disse que estou tentando um relacionamento outro dia, não é?

Pois bem, há um tempo ele me disse que se sentia culpado por mim, por minha condição. Em seu argumento constou o seguinte:

- Se eu tivesse te conhecido antes você não seria mãe solteira.

Ao que respondi:

- Se eu não fosse mãe solteira, você não teria me conhecido. Porque acredito que uma escolha pode mudar toda a nossa vida e se eu não tivesse meu rebento, com certeza, não estaria no lugar onde nós nos conhecemos.


Hoje gostaria de propor 24 horas sem justificativas, sem autopiedade, sem sentir pena de si mesma.

Só olhe para você, onde está agora e imagine se estaria aí caso não estivesse vivendo a condição de ser mãe de uma linda criança, ainda que fora de um casamento.

Se tudo não faz sentido é porque você não está vendo todas as coisas boas que a maternidade traz.

Tá, é chato ter uma criança o dia inteiro de chamando e exigindo sua atenção, até quando você está tomando banho ou fazendo xixi. É bem complicado se dar conta de que tem um projetinho de ser humano aos seus cuidados e que se você fizer muita coisa errada vai acabar gerando alguns problemas para ela, no futuro.

Mas não tem preço chegar em casa e receber um beijo de uma pessoinha que te ama exatamente por quem você é – ou tem?


Beijos e ‘bora cumprir às 24 horas!!!



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