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30 de ago. de 2011

Crianças sem pais e suas fantasias!



Olá querida Mãe Solteira!

Bem vinda (de volta).

Eu acabei deixando passar em branco um dia tão obscuro para nós, mães solteiras, que não tem o pai dos filhos ao lado.

O dia dos pais.

Freud diria que foi um esquecimento proposital, mas não vamos entrar muito profundamente no mérito da questão.

Os conteúdos inconscientes têm sua hora para vir à tona.

O que quero dividir com você hoje é a capacidade que uma criança tem de trazer á baila o que lhe incomoda de uma maneira muito peculiar.

Explico:

Felipe, hoje, quando cheguei da faculdade veio com uma conversinha assim:

“- Quem é mãe nessa casa?”

Bem, na casa em que ele vive existem duas: eu e a vódrasta dele.

“- E quantos papais têm nessa casa?”

Bem, papai tem um só, que é meu pai e avô dele.

Aonde ele quer chegar – me indaguei – e logo veio o objetivo final da primeira pergunta.

- Eu não tenho papai – disse ele.

- Mas tem vovô – disse meu namorado (que participava do papo).

Eu, inexperiente nessa matéria de filho sem pai, conquanto ele já tenha quatro anos, acabei perguntando:

- Você queria ter papai?

“- Eu fico muito triste porque não tenho papai, porque quando minha mamãe sai de casa, se eu tivesse papai, ele me dava mamadeira e cuidava de mim.”

O que pude concluir disso:

Ele está passando fome enquanto estou fora e logo, logo vou ser denunciada ao conselho tutelar por negligência.

Brincadeira!

É minha filha, não adianta querer fugir da realidade!

Por mais que esse papo de que é quase igual ter uma figura masculina que represente a figura paterna, o nome “pai” tem um significado que, para nós que temos um, condiz com a realidade.

Para nossos filhos marcados por essa falta tudo está lá na fantasia e no que essa figura poderia fazer – ou não – se existisse em suas vidinhas.

Ou você acha que o produtor do espermatozóide faria mamadeira e cuidaria dele? Eu não tenho a menor dúvida que não!

Meu namorado, muito fofo (por isso estamos planejando um futuro) disse que Lipe o tem para fazer a mamadeira e para cuidar dele quando eu não estiver em casa.

Ok, ele foi muito fofo mesmo - mas para Lipe essa briga com a fantasia talvez sempre vá existir.

Sempre digo que para a fantasia não tem adversários, porque tudo é possível e tudo é perfeito, por isso a realidade é muitas vezes decepcionante. 

A realidade falha perante nossas expectativas.

A questão que, agora, me fica é a seguinte:

- Até quando essa briga com a fantasia, na cabecinha do meu rebento, será a história perfeita que ele tem criado? Existirá o momento de se decepcionar para poder seguir em frente sua vidinha que promete muito?

Eu, que amo demais meu filho, desejo que ele não passe a vida preso a uma fantasia que nunca seria como é na imaginação dele.

Então penso na minha angústia e me cuuuulpo demais, como você deve imaginar, por não ter dado um pai decente para meu filho, mas paro e penso o seguinte:

Pai ele já não tem mesmo. O que me cabe, então?

Ajudá-lo a resolver esse conflito da melhor maneira e da forma que for aparecendo para ele e para mim.

O que é possível hoje?

Dizer que ele tem um pai biológico e que tem um “pai” que é o avô que cuida dele, supre suas necessidades, dá muito amor, carinho e cuidado.

E como eu disse:

- Você tem uma mamãe que é um papai também, porque dou carinho, mas sei brigar com você. E fiz de conta que brigava com ele porque estava descalço. 

Ele gostou da brincadeira e riu e se deu por satisfeito – por ora.

Logo virão outras perguntas e espero não ter todas as respostas, para que nós dois possamos construir juntos a nossa história!

É isso aí, não adianta querer prever porque quando menos esperamos, eles nos pegam de surpresa.

Se eu tenho um conselho, uma dica, uma sugestão?

Se a verdade for complicada demais para a idade do seu filho, simplifique, mas sempre conte a verdade.

Beijos e até a próxima.

Bons ventos para nós!



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5 comentários:

  1. gostei da historia achei muito interesante ,as coisas são assim mesmo, eles sempre nos surpreenden com perguntas que nem sempre temos a resposta ,mas sempre achamos uma .........



    beijo marcia mari

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  2. Eu muitas vezes me pergunto sobre a reação do meu filho logo que ele chegar nesnte mundo e começar a ter ciencia de que não tem um pai, noutro dia escutei uma pessoa dizer que o comum é ser separado e o estranho é ser casado, faz sentido, mas a verdade é que nada substitui a familia..., estou sempre deprimida por essas coisas mas a minha história é bem louca em resumo eu engravidei do meu namorado depois de quatro anos de namoro, ele sempre falava de casamento mas nunca realmente quiz (pois é uma coisa é falar a outra é fazer) então deixei-me iludir com doces palavras e aí soube que estava esperando meu bebezinho tão amado por mim..., mas nada quisto pelo pai, hoje ele até finge que ama o filho para fazer pose para algumas pessoas, mas na verdade ele não ama tão pouco gosta, continuo com ele pois fico imaginando que é menos pior ter um mau pai do que não ter pai nenhum...
    Sei lá

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  3. bom meu caso e diferente minha filha de 10 anos ficou sem pai porque ele morreu quando ela tinha 8 anos desde entao tenho sofrido com isso e com o silencio dele que desde o primeiro momento do ocorrido criou um bloqueio e nao fala dele e como ele nunca existissse

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  4. no meu caso o pai de minha filha e eu terminamos quando eu estava no segundo mês de gestação...ele nunca demontrou interesse pela filha mas ele registrou...eu o coloquei na justiça,mas nao tenho esperança nenhuma de que ele vai ser uma figura presente na vida dela...sofro com isso pois ela não tem culpa de nada,mas a vida é assim ne...fazer o que;

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  5. Me emocionei lendo seu texto pois a coisa que mais me aflige é pensar que em algum momento posso ver meu filhote valorizar tanto este pai da fantasia, e no final eu sei que a realidade é bem diferente... Ele está com 2 anos e 5 meses, o pai viu pela ultima vez qdo tinha 2 meses... é como a colega falou antes, quando tem alguém por perto ele liga pra fazer cena de pai presente, mas não faz nada pela criança... Meu pequeno vê os coleguinhas na escola chamando pelo pai quando choram, e agora começou a fazer isso em casa, o que me deixa arrasada! Sempre digo tb pra ele que sou mãe e pai, e que o amo muito! Não sei muito bem ainda como tratar sobre isso pq o pai dele não vale nada, e uma das coisas que mais vai doer em mim vai ser sentir ele dar o valor que esta criatura não tem... Sofrimento antecipado!

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Meta a mamadeira!